Eleições Europeias: Mais um Prego no Caixão da Ordem Liberal

14.06.2024

Desde que começamos a perceber que a operação militar especial russa na Ucrânia seria um conflito de longa duração (por decisão russa) eu tenho apontado que as repercussões do conflito no cenário político europeu seriam significativas.

Temos aí, na Europa, o resultado previsível e natural de tudo que tem acontecido na Europa nos últimos 40 anos, mas especialmente nos últimos 2.

As eleições para o Parlamento Europeu desse ano apontam para um crescimento notável da presença de partidos nacionalistas, conservadores, eurocéticos e anti-imigração nos corredores de Bruxelas. Entendam: não é uma virada fatídica, um "game changer", porque essa miríade de partidos extremamente heterogêneos e divididos em 2 grupos políticos (e um conjunto de partidos não inscritos em qualquer grupo) teve um crescimento geral de aproximadamente 10%, caminhando para ocupar por volta de 30% das cadeiras do Parlamento Europeu.

O Parlamento Europeu tem o poder, recordemos, de decidir sobre a condução da Comissão Europeia, ou seja, do "executivo" da UE - hoje comandado por Ursula von der Leyen.

Mas o grupo da von der Leyen, formado pelos partidos liberal-conservadores, democratas cristãos e centristas liberais não sofreu uma grande derrota. Teve inclusive um pequeno crescimento no cômputo geral (em parte derivado do próprio fato de que houve um aumento no número de cadeiras no Parlamento). Os maiores derrotados são todos os outros grupos políticos: os ecoglobalistas, liberal-progressistas, pós-liberais, libertários, social-liberais, e todas as outras variações de liberalismos de esquerda, bem como os liberalismos libertários e libertarianismos diversos.

Em um sentido imagético-simbólico, foi uma grande derrota do macronismo e do esquizo-wokismo, uma tímida recuperação do merkelismo e uma vitória razoável conservadorismo nacional (em seus vários matizes).

Como eu comentei anteriormente, há causas múltiplas para tudo isso, as quais podem ser divididas em causas estruturais e causas imediatas.

Entre as causas estruturais estão, por exemplo, as ondas imigratórias constantes promovidas pela classe turbocapitalista euro-atlântica para o fim de promover a substituição populacional dos trabalhadores nativos e, com isso, propiciar o rebaixamento salarial e a fragmentação da organização laboral. Segundo Marx, a imigração em massa é uma das ferramentas que a burguesia usa para sabotar a classe trabalhadora, não apenas para aumentar a oferta de mão-de-obra (com gente desesperada) e, com isso, reduzir salários, mas também como meio de defenestrar uma classe trabalhadora com um grau maior de consciência em si e para si, substituindo-a por uma classe praticamente lumpem de desesperados alienados - cuja integração na classe trabalhadora nacional é dificultada pelas diferenças etnoculturais e religiosas e também pela possibilidade de divergência de pautas específicas fundadas nessa heterogeneidade.

Essas ondas migratórias, que se intensificaram com as Primaveras Árabes, em que os imigrantes de todo o planeta eram pintados pela mídia e pela esquerda como "refugiados sírios" se depararam com fronteiras praticamente abertas após serem traficados de seus países por mafiosos e albergados por ONGs financiadas por George Soros. Assim, milhões de imigrantes entraram nos países europeus, em ondas impossíveis de serem absorvidas (o que era precisamente a intenção das elites), criando guetos e no-go zones. O resultado imediato, além da liberação de maiores possibilidades de acumulação de capital pelas elites e da desintegração da classe trabalhadora, foi a disparada na violência urbana, na pequena criminalidade e nos estupros, para não falar no terrorismo.

Para os europeus, o seu mundo tornou-se um inferno em ritmo recorde. Enquanto os ricos, que causaram essa tragédia, vivem em condomínios fechados, praticamente em bolhas elitistas, o proletariado nativo europeu viu a violência aumentar até níveis insuportáveis, além de ter que suportar a sua substituição por trabalhadores estrangeiros menos qualificados, mas menos conscientes, mais desesperados e mais conformistas socialmente.

É um delírio esquerdista a noção de que a imigração existe porque "o europeu não quer trabalhar". Na verdade, o desemprego entre jovens nativos europeus é alto - alto a ponto deles terem que virar imigrantes em outros países europeus para conseguirem empregos. É que é simplesmente muito vantajoso, para os empresários, contratar imigrantes, além do fato do imigrante, na maioria dos países europeus, ter acesso a benefícios sociais e "colchões de segurança" que são inacessíveis por nativos.

Tudo isso é parte geral da lógica neoliberal que assaltou a Europa entre os anos 80 e os anos 90. Enquanto as elites abriam as fronteiras para substituir o trabalhador nativo sindicalizado por neoescravos, ela privatizava empresas, reformava aposentadorias e leis trabalhistas e implementava medidas austericidas que levaram à desindustrialização e à estagnação econômica.

Mas, aparentemente, incapaz de compreender aquilo que estava fazendo, essas elites ainda acharam pouco. Como parte da lógica transnacional do ecoglobalismo (movido por elites turbocapitalistas que querem usar o "verde" para desbloquear novas oportunidades de enriquecimento acelerado e para poder melhor controlar os povos), as elites europeias começaram também a impor medidas legislativas draconianas voltadas especificamente contra o proletariado e a classe média. Especificamente, impostos ruinosos sobre a gasolina e o diesel, limitações diversas à produção agropecuária, desincentivos ao uso de carros e ao consumo de carne, tudo isso para "salvar o planeta". De quebra, os alemães fecharam suas usinas nucleares.

Na França, esse conjunto de medidas insanas levou ao movimento dos Coletes Amarelos, o qual foi realmente um processo político de potencial revolucionário que alterou a paisagem política francesa.

E então as elites europeias decidam intensificar todos esses processos durante a pandemia, com medidas voltadas para acelerar as falências de pequenas e médias empresas, e com políticas públicas de controle social como o "greenpass" e projetos distópicos que apontavam para uma limitação da locomoção dos cidadãos e para aumentos de impostos sem finalidade específica além do rebaixamento dos padrões de vida da classe média. Como um dedo na ferida, enquanto os países europeus impunham alguns dos regimes de lockdown mais duros do planeta, as fronteiras seguiam abertas para a imigração.

Bem, a Europa já estava na corda bamba, e então fevereiro-março de 2022 viram o início do transbordamento do copo.

Porque enquanto tudo isso se desdobrava, a UE também colaborava com os EUA para abocanhar a Ucrânia, em obediência às diretrizes da geopolítica talassocrática clássica, que preveem a fragmentação territorial em um cordão sanitário ao redor da Rússia Ocidental com satrapias atlantistas russofóbicas para, com isso, impedir a restauração imperial da Rússia.

Em reação preventiva à operação militar que a Ucrânia preparava contra o Donbass para março de 2022, a Rússia entrou na Ucrânia.

Na Europa, as medidas principais tomadas pelo governo foram: sanções, remessas de armas e abertura de fronteiras para imigrantes ucranianos.

As sanções fortaleceram a economia russa e enfraqueceram as economias europeias, especialmente a alemã, por causa do papel do gás russo e de outras relações econômicas russas que eram importantes para a Europa. A Europa viu o aumento da inflação, principalmente dos alimentos, bem como aumentos nos boletos de energia elétrica.

Enquanto os europeus sofriam com recessão econômica, os líderes da UE gastavam dinheiro com armas e apoio para a Ucrânia e, mais recentemente, ainda atiçavam a perspectiva de intervenção militar e alistamento obrigatório.

E, de quebra, os países abriram fronteiras para os ucranianos, inclusive entregando moradias de graça, ajudando a compor e intensificar o caso imigratório nos países em questão.

O prenúncio dessas eleições europeias já era visto nos colapsos de governos parlamentares e em reveses eleitorais gerais iniciados em junho de 2022, nas eleições legislativas francesas, com o derretimento do macronismo. Depois, o colapso do governo Draghi, e os colapsos de Boris Johnson e Liz Truss. Isso se seguiu ao triunfo de Robert Fico. E, enquanto isso, em todas as eleições nacionais ou locais, via-se já crescimentos de 3-8% nas posições de partidos antissistema.

Agora bem, eu vou fazer alguns apontamentos específicos sobre os resultados nacionais nessas eleições europeias, com destaque para França e Alemanha. E fundamentalmente porque França e Alemanha são os termômetros históricos europeus, esses países que, outrora, foram um só quando a ideia imperial foi retomada na Europa Ocidental, são os eixos de difusão de todas as novas ideias, projetos e tendências em nível continental.

O fato de que as principais mudanças nos resultados das eleições europeias deram-se precisamente na França e na Alemanha é significativo por si só para o que isso significará para os próximos anos.

França: A França viu o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen e Jordan Bardella ascender a aproximadamente 32% e ganhar mais 7 assentos no Parlamento Europeu, mas esse não é o único partido nacionalista vitorioso, com o Reconquista de Eric Zemmour e Marion-Marechal Le Pen alcançandou aproximadamente 6% e levando 5 cadeiras, de modo que os nacionalistas franceses agoram tem 35 assentos no Parlamento Europeu. O macronismo, os verdes e a centro direita colapsaram, mas houve um pequeno crescimento da esquerda "antissistema" do Mélenchon, houve um crescimento do socialismo liberal, mas de um modo geral, a paisagem é uma em que a hegemonia nacionalista só não é absoluta em Paris. Em geral, a "geopolítica interna" das eleições francesas remete a variações da dualidade talassocracia/telurocracia, mas em que uma capital sem acesso ao mar, na verdade, é cosmopolita pela aerocracia (variação aérea da talassocracia). Toda a França Profunda, na contramão de Paris, se sente vinculada à terra, ao chão, e a valores telúricos de etnicidade, cultura tradicional, estabilidade, segurança, ordem, religião, etc. Tudo isso estava já prenunciado nos Coletes Amarelos e na revolta dos agricultores, em que o que se via era o resgate da imagética de um nacionalismo-revolucionário católico do século XIX e início do XX (Maurras, Barrés, etc.), em que se vê a contraposição entre Cidade e Campo, com o Campo como o guardião da "França Profunda" e a Cidade como sendo o baluarte de uma elite alienada e cosmopolita. Em geral, o RN tem se esforçado por uma normalização política pragmática, aparando arestas e visando se tornar um partido "regular" do cenário político francês. Isso implica certos abandonos de discursos da geração nacionalista anterior, mas ao mesmo tempo o que se vê é uma posição que vai na contramão da geopolítica macroniana, especialmente no que concerne a Rússia. O partido é social-democrata e protecionista em questões econômicas, e defende uma linha anti-imigração, mas que não é islamofóbica ou racista, de modo que recebe muitos votos de imigrantes antigos. Desnecessário debater sobre posição em relação a Israel porque a influência sionista na França é simplesmente grande demais, e qualquer indício, por menor que seja, de antissemitismo, já permite ao Presidente banir uma formação política (o Presidente da França tem muito mais poder que o do Brasil). O Reconquista, por sua vez, é ultrassionista, liberal-conservador e islamofóbico, mas isso se apoia principalmente na linha de Eric Zemmour. É interessante que Marion-Marechal Le Pen já se adiantou para oferecer uma aliança à Le Pen e Bardella, contrariando Zemmour.

Alemanha: Na Alemanha, o AFD é o óbvio vitorioso, ascendendo para 16% dos votos, subindo de 11 assentos para 15. O Razão e Justiça da Sahra Wagenknecht alcançou 6% dos votos, pegando 6 assentos. Os Verdes, os social-democratas e o resto da esquerda woke todos derreteram, a direita liberal-conservadora e a libertária estagnaram, até encolheram um pouquinho. Partidos localistas ou setoriais diversos conseguiram pegar 1-2 assentos cada um também. A Alemanha, que é o país mais afetado pelo conflito na Ucrânia, também viu um aumento incomum na participação eleitoral por parte da população, com 65% de comparecimento, bem acima da média da UE de 50%. Essa campanha vem no esteio de atos de violência contra políticos do AFD e uma tentativa, por parte da Juristocracia alemã, de banir o partido. Ademais, deu-se no mesmo mês de polêmicas envolvendo canções anti-imigração que estão se tornando populares, bem como uma entrevista de um dos líderes do AFD em que ele defendeu a honra de alguns combatentes alemães na última guerra, dizendo que nem todos eles eram criminosos e havia ali muita gente comum. Uma declaração simples, mas que causou escândalo. O escândalo, porém, deu-se apenas na mídia e não parece ter colado no partido. O AFD, que é o partido nº1 dos jovens (quanto mais jovem, maior a probabilidade de votar AFD), que já é o maior partido da Alemanha Oriental e o nº2 a nível nacional, é uma estrela em ascensão. A geopolítica interna do voto na Alemanha é um pouco diferente da França. Aqui conta mais a divisão entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. É claro que, como na França, as metrópoles (Berlim e as antigas "cidades livres") veem um nível maior de voto "woke" e progressista, mas o que mais chama a atenção é que o Leste vota AfD e o Oeste/Sul vota CDU. No caso da Alemanha Oriental, é que o AfD é aquilo que há no cenário alemão de mais identificável com a antiga DDR em termos de princípios, valores e diálogo popular. A juventude alemã-oriental é também menos progressista e, certamente para o espanto de muitas pessoas, os alemães orientais não sofreram com a mesma lavagem cerebral etnomasoquista e culpabilizante que os alemães ocidentais em relação à Segunda Guerra Mundial. Mesmo a narrativa sobre crimes de guerra apareceu na DDR bem depois e com conteúdo diferente da BDR. Ao ouvir que os alemães precisam se penitenciar pelos crimes de seus avós e por isso devem abrir as porteiras para imigrantes, o alemão ocidental senta, chora, concorda e começa a se cortar, o oriental dá de ombros ou ri das suas palavras. Também é necessário apontar, como eu sempre digo, que o liberalismo implementado na Alemanha Ocidental foi muito mais danoso para o espírito e a cultura do povo alemão do que o comunismo da Alemanha Oriental. A identidade alemã está mais intacta no leste do que no oeste. Ainda assim, a CDU das províncias tem as suas diferenças em relação à CDU das metrópoles, de modo que os alemães da Alemanha Profunda ocidental ainda votam na CDU esperando que ele seja um partido "democrata cristão" ainda, tal como nas metrópoles se vota na CDU como um partido progressista e antialemão "moderado" - e a mesma decadência do SPD, mas mais devagar. O AFD, recordo, é o partido mais "russófilo" da Europa e, inclusive, foi recentemente saudado por Putin. No âmbito econômico, ele está à direita do RN francês, defendendo uma ideia de "economia social de mercado" que remete à Alemanha dos anos 50-60. Em suas fileiras tanto há sionistas quanto antissionistas. Mas é a Alemanha, não espere nenhuma declaração abertamente sionista em um país que dá penas maiores para "revisionismo do Holocausto" do que para homicídio. à Aliança "Razão e Justiça", por sua vez, é uma novidade do cenário político europeu, é um partido quase tão conservador, anti-imigração e russófilo quanto o AFD, mas transita economicamente entre o socialismo e a social-democracia.

Esses sendo os principais países do continente e onde também houve mudanças mais significativas, comento em notas rápidas sobre os outros resultados:

Áustria: Na Áustria, em um resultado excelente, o nacionalista FPÖ disparou 8 pontos saindo de 17% para 25%, passando a ter 6 cadeiras no Parlamento Europeu. Todas as outras forças políticas austríacas colapsaram, os liberal-conservadores perdendo 10 pontos, os social-democratas perdendo 1 ponto e os verdes caindo 3 pontos. Economicamente o partido é semelhante ao AFD, seguindo uma linha de "economia social de mercado", iniciativa privada + welfare. Na política externa, ele defende a restauração de relações com a Rússia e possui uma posição pró-Sérvia.

Bélgica: Na Bélgica, que é um país fragmentado entre uma metade flamenga (holandesa) e uma metade valã (francesa), é apenas no campo flamengo que se encontra partidos nacionalistas. Mas não houve qualquer mudança significativa aí. O VB ganhou 4 pontos percentuais e o VA manteve o que tinha, os outros partidos caíram muito pouco, de modo que as perdas foram distribuídas. O VB é um clássico partido nacionalista flamengo, de linha protecionista e eurocética, com tendências russófilas que se suavizaram após a operação militar (mas eles ainda são críticos da ajuda militar belga e das sanções). O VA é um partido um pouco mais liberal economicamente, e não é tão crítico da imigração, apesar de querer limitá-la. O crescimento do partido mais nacionalista e a estagnação do mais moderado é indicativo de mudanças interessantes. Essa eleição rolou em concomitância com as eleições federais belgas e as eleições locais. O governo belga é formado por uma coalizão entre verdes, wokes, liberais e democratas cristãos, pra impedir os nacionalistas de chegarem ao poder. Como os verdes quase desapareceram nessas eleições, o governo se dissolveu e vai se reestruturar segundo uma outra base. Mas não se espere mudanças significativas porque é mais uma dança de cadeiras, os nacionalistas avançaram um pouco, mas liberais e alguns partidos woke também.

Bulgária: Na Bulgária a única novidade relevante foi a chegada repentina do partido nacionalista multipolarista Renascimento, que saiu de 1% para 14%, pegando 3 cadeiras e tornando-se o 4º partido político nacional. O resto foi dança de cadeiras entre direita liberal e esquerda liberal. Essas eleições foram concomitantes com as eleições nacionais, e os resultados foram os mesmos, com os nacionalistas em 14%, mas o país seguro nas mãos dos globalistas. O Renascimento é um partido interessante, anti-OTAN, pró-Rússia, anti-woke, etc., mas ainda não tem força suficiente para enfrentar os liberais búlgaros.

Croácia: Nenhuma mudança muito relevante, com o Movimento Pátria ascendendo e entrando no Parlamento Europeu, pegando 9% dos votos, mas em substituição também aos nacionalistas do Lei e Justiça, que não conseguiram se manter no Parlamento Europeu. Houve eleições croatas há pouco tempo, com o Movimento Pátria ficando em 3º lugar, com quase 10%, subindo 2 p.p.. Assim, ele fez uma coalisão com os liberal-conservadores da UDC. O governo da UDC, em si, é dúbio no plano internacional, mas o cansaço em relação à Ucrânia já está pesando, e o Presidente da Croácia já foi parar no Myrotvorets por algumas declarações críticas ao país.

Chipre: No Chipre, pouca coisa de relevante, mas a Frente Nacional Popular parece estar alcançando patamar significativo, com 11% dos votos e 1 assento. De resto, segue o jogo liberal direita-esquerda.

Tchéquia: Na Tchéquia houve mínimas mudanças, com apenas algumas transições entre os partidos. O país é um "paraíso" de micropartidos locais ad hoc de teor populista, e parece ainda intocado pelos ventos de mudança da Europa.

Dinamarca: Na Dinamarca houve poucas mudanças significativas, mas isso se dá porque o próprio partido social-democrata "tradicional" é, hoje em dia, anti-imigração e crítico da globalização, e mantiveram os 3 assentos no Parlamento Europeu. O Partido do Povo Dinamarquês, que é liberal-conservador e atlantista, mas anti-imigração, manteve 1 assento. Surgiu também um novo partido conservador anti-imigração, o Democratas da Dinamarca, que conseguiu 1 assento.

Estônia, Letônia e Lituânia: Nenhuma mudança significativa, com pequenas variações entre direita/esquerda, mas que mantém a linha russofóbica hegemônica.

Finlândia: Na Finlândia, na contramão do resto do continente, cresceu a esquerda eco-woke maluca e também os liberal-conservadores. Os nacionalistas do Partido Finlandês derreteram, caindo de 14% para 7%, o que em parte se deve ao giro de uma linha pró-Rússia para uma linha russofóbica.

Grécia: O cenário político grego é estático, exceto pelo surgimento do partido Solução Grega, um partido de linha nacional-popular, pró-Rússia, anti-imigração e conservadora, que conseguiu 10% dos votos nas eleições europeias, levando 2 assentos. O resto é o jogo de sempre entre liberais de direita e esquerda.

Hungria: Na Hungria, o Fidesz levou 45% dos votos, o que representa uma queda, com uma perda de 2 assentos. Surgiu repentinamente uma nova formação política "anticorrupção", o "Respeito e Liberdade" que já chegou com 30% dos votos e 7 assentos, tomados da esquerda eco-woke, que quase desapareceu. É legítimo desconfiar das origens desse novo partido. De resto, o Movimento Nossa Pátria, de linha similar ao cooptado Jobbik.

Irlanda: Único país em que os votos ainda estão sendo processados, mas tudo indica dança de cadeiras entre liberais de direita e esquerda. Não obstante, há um fenômeno interessante na Irlanda, um dos países mais afetados hoje pelo wokismo e pela imigração (e tudo isso no espaço de uns poucos anos, rápido demais). Há 5 novos partidos nacionalistas disputando eleições, o que pode gerar uma reviravolta política interessante no futuro.

Itália: Na Itália a única mudança significativa foi o fortalecimento dos Fratelli d'Italia às custas da Liga. Meloni levou 29% dos votos pegando 24 assentos, estando na frente dos 21 da esquerda woke do PD, com 21 assentos. Os Irmãos da Itália constituem um partido liberal-conservador, com certo discurso anti-imigração, mas foi notado por todos o quanto o partido traiu suas promessas após chegar ao poder. Ainda assim, algumas pessoas ainda têm expectativas positivas em relação ao oportunismo de Meloni.

Luxemburgo: Na micronação centro-europeia, os social-democratas substituíram os verdes, e um partido nacionalista, o Alternativa Democrática, conseguiu 1 assento.

Malta: Nenhuma mudança significativa, com um enfraquecimento dos social-democratas em benefício dos liberal-conservadores.

Holanda: A Holanda vê o crescimento do Partido da Liberdade do Geert Wilders, com 17%, saindo de 3% e conseguindo 6 assentos no Parlamento Europeu. Esse partido, que é atlantista e sionista, conseguiu crescer em prejuízo do Fórum pela Democracia do Thierry Baudet, que tem uma linha mais continentalista e, inclusive crítica do sionismo.

Polônia: Na Polônia, tanto os liberal-conservadores quanto os social-democratas wokes colapsaram, em prol do liberalismo libertário da Plataforma Cívica, que atualmente governa o país. Mas os nacionalistas poloneses do Confederação saíram de 5% para 12%, entrando no Parlamento Europeu com 6 assentos. O Confederação é o típico partido nacional-conservador, e não exclui posições russofóbicas, mas é mais racional que a média política polonesa.

Portugal: Em Portugal, naufragou o Bloco de Esquerda de linha woke e a CDU socialista. Ascendeu o Chega, que é de linha liberal-conservadora anti-imigração, sionista e atlantista, com 10% de votos e 2 assentos.

Romênia: Na Romênia, um fenômeno surpreendentemente positivo, com o surgimento da Aliança pela União dos Romenos, que segue uma linha nacional-popular, russófila, anti-imigração e conservadora, com 15% dos votos (4 ou 5 assentos, ainda não está definido), tornando-se uma segunda força política nacional.

Eslováquia: As antigas forças políticas eslovacas se dissolveram e o cenário político aponta para uma polarização entre os "progressistas" (atlantistas) e os patriotas de Fico, representados em 2 partidos que juntos conseguiram 31% dos votos e 6 assentos.

Eslovênia: Fortalecimento dos conservadores atlantistas, que subiram de 2 para 4 cadeiras às custas dos eco-wokes.

Espanha: Na Espanha o PP atlantista recuperou fôlego político subindo 15p.p. e o Vox (também liberal e atlantista, com facções minoritárias divergentes) crescento de forma lenta e inexorável, com 10% e 6 assentos.

Suécia: Na Suécia, houve um significativo fracasso dos nacionalistas dos Democracas Suecos, que abandonaram uma antiga linha continentalista em prol do atlantismo. Os suecos, então, simplesmente voltaram aos partidos nos quais eles votavam antes.