AfD: O único partido antissistema e contracultural na Alemanha
Toda vez que há eleições nacionais ou regionais na Alemanha é a mesma coisa. Estupor dos analistas e acadêmicos ocidentais, histeria da mídia de massa, delírios sobre "retorno do nazismo" nos porta-vozes da esquerda.
A causa é que em todas as eleições dos últimos anos vemos a confirmação da tendência de popularização e normalização do partido "Alternativa para a Alemanha", um partido patriótico centrista, considerado como "de extrema-direita" pelo discurso politicamente correto hegemônico. O "teto" de popularidade, aliás, aparentemente não foi alcançado.
Já seria de se esperar que no lugar da histeria fariam algum tipo de análise. Mas não há nenhum esforço para entender o motivo pelo qual os alemães votam no único partido que afirma priorizar os interesses dos alemães - no lugar disso, entre acusações de fascismo, só há esforços de psicopatologização das posições antagônicas.
Não obstante, os fatos são os fatos, e eles se repetiram na Turíngia e na Saxônia.
Na Turíngia, o AfD saltou de aproximadamente 23% do voto popular para aproximadamente 33% do voto popular. Na Saxônia foi de aproximadamente 27% para aproximadamente 31%.
Ambos resultados, inéditos, tornam bastante difícil, quase impossível, a construção de um cordão sanitário que isole o AfD do governo - a não ser que o BSW de Sarah Wagenknecht se rebaixe a participar dessa coalizão, o que não é impossível. De qualquer maneira, ainda assim, seria uma aliança ainda mais heterogênea e instável do que já é a aliança SPD/Linke/Grüne.
Se o fortalecimento do AfD é uma tendência em toda a Alemanha, ela é muito mais forte nas províncias da antiga Alemanha Oriental. O AfD aponta para um apoio popular que, nas províncias ocidentais, gira entre 10 e 25% da população. Enquanto nas províncias orientais gira entre 25 e 35% da população. Uma explicação exigiria um texto específica, mas resumidamente é que a Alemanha Oriental promoveu uma "desnazificação" da sua sociedade, enquanto a Alemanha Ocidental promoveu uma "desgermanização".
Mas aquilo que realmente explica a ascensão do AfD é um outro fator que possui um caráter mais universal: o AfD é, categoricamente, o partido dos jovens. Isso é confirmado pelas eleições para os parlamentos juvenis da Turíngia e da Saxônia, que antecederam as eleições "adultas". No eleitorado composto exclusivamente de menores de idade, o AfD recebeu aproximadamente 38% dos votos na Turíngia e aproximadamente 35% dos votos na Saxônica, valores razoavelmente superiores ao das votações entre adultos.
Nesse sentido, ao contrário do que diz a narrativa hegemônica de que o "conservadorismo" é algo "reacionário", típico de "velhas gerações", a linha ideológica do AfD é mais fácil de ser encontrada entre adolescentes do que entre adultos, ou mesmo entre idosos.
Ser adepto do AfD tornou-se signo de rebeldia e contracultura. Quanto mais o sistema demoniza e tenta banir o AfD, mais ele se torna atraente para jovens que querem se rebelar contra a irracionalidade servil de seus pais e contra um país que não tem mais nada a oferecer.
Quando um partido se populariza entre jovens e, especialmente, entre mulheres jovens (que, inatamente, têm mais medo de ostracismo), é porque ele não é um "partido de protesto", mas um partido que já encontrou suficiente base social para se normalizar. E essa é, aliás, uma normalização que não tem vindo com desradicalização. Ao contrário, os jovens cantam slogans sobre "remigração" com mais ênfase e confiança que os mais velhos.
O contraste com o BSW liderado por Sarah Wagenknecht, aí, é claro. Formado majoritariamente por egressos do Die Linke, o BSW representa um tipo de visão "nacionalista de esquerda", que até encontra ressonância entre alguns nostálgicos da DDR, mas encontra dificuldades de se firmar na juventude porque o tipo de jovem ao qual ele poderia apelar, o "jovem socialista", pelo menos na Alemanha está mais interessado com ideologia de gênero, militância pró-imigração e uso de drogas. É por isso que, entre os jovens na Turíngia e Saxônia, o BSW é preferido por apenas 5%, bem abaixo de seu apoio entre adultos.
Esses números todos tornam inevitável que a Alemanha venha a ser eventualmente governada pelo AfD. Ou pelo menos é como as coisas seriam, se o país fosse uma democracia. Como a Alemanha tornou-se uma distopia anarcotirânica, tudo é imprevisível.
De resto, a Rússia aguarda um governo do AfD para poder normalizar suas relações com a Alemanha e voltar a construir um projeto eurasiático para a Europa.