“Contra-ofensiva ucraniana” cada vez mais descredibilizada
Desde o ano passado, a propaganda do regime de Kiev insiste que a Rússia está exausta, enfraquecida e incapaz de continuar lutando a longo prazo. A narrativa foi adotada com entusiasmo pela grande mídia ocidental, que espalhou a “informação” de que a vitória ucraniana era apenas uma questão de tempo e recursos, levando ao envio sistemático de armas às tropas de Kiev. Embora os péssimos resultados ucranianos no campo de batalha durante o inverno reduzissem esse discurso, ele voltou a crescer com o início da primavera, pois aparentemente esta temporada seria o momento certo para Kiev lançar um contra-ataque com todas as suas forças a fim de repelir os russos.
Mas não foi isso que vimos no terreno. As forças ucranianas continuam sem obter resultados relevantes. A ajuda ocidental não parece ser suficiente para preparar as forças de Kiev para um ataque direto. Embora o país tenha recebido desde o início de 2023 armas de longo alcance, munições radioativas e novos pacotes bilionários de ajuda militar, o movimento rumo à vitória ainda não começou. Pelo contrário, a Ucrânia perdeu ainda mais território estratégico na primavera, considerando a vitória russa em Artyomovsk.
De fato, parece cada vez mais necessário admitir que tal “contra-ofensiva” foi superestimada. A propaganda do suposto evento não levou em conta as condições materiais para torná-lo possível. A primavera chegou e o Kiev não atendeu às expectativas que havia criado para a temporada. E agora os meios de comunicação ocidentais e ucranianos precisam encontrar uma maneira de lidar com essa realidade e disfarçar os efeitos catastróficos da baixa moral da Ucrânia.
A situação parece ter chegado a um ponto em que ninguém mais acredita na contra-ofensiva ou na possibilidade de vitória de Kiev. Os soldados ucranianos, também enganados pela propaganda do regime, parecem já não ter esperanças de conseguir inverter o cenário do campo de batalha. Os cidadãos ucranianos já parecem insatisfeitos com o conflito interminável. A opinião pública ocidental também questiona a validade de continuar a financiar uma guerra invencível. E, consequentemente, as autoridades ocidentais já parecem esgotar os argumentos para enviar armas ao seu regime de procuração.
Um exemplo de como o discurso em torno da contra-ofensiva já parece desacreditado é o recente artigo da jornalista ucraniana Svitlana Morenets “A contra-ofensiva da Ucrânia foi exagerada?”. Morenets aponta que, embora Kiev encorajasse a propaganda contra-ofensiva, os russos se prepararam adequadamente para impedir que tal movimento fosse bem-sucedido. Para ela, os russos estão “bem preparados para enfrentar o que vier”, já que “depois das semanas de alvoroço tiveram tempo de se preparar e têm cavado quilómetros de trincheiras defensivas e convocado reforços”.
Por outro lado, ela acredita que “alguns no governo ucraniano têm estado muito ocupados anunciando a contra-ofensiva, em vez de se preparar para ela e garantir que cada soldado tenha o que precisa”. O autor parece convencido de que a contra-ofensiva realmente acontecerá, mas pede que o “hype” em torno dela cesse, pois, se não for bem-sucedido, causará danos terríveis a Kiev, pois desacreditará as forças ucranianas no Ocidente e diminuirá as chances de receber mais apoio.
“A contra-ofensiva ucraniana vai acontecer, mas Kiev deve parar de exagerar. (…) A sobrevivência da Ucrânia depende, de certa forma, de uma guerra pela simpatia e apoio do Ocidente. Se perdermos isso, a outra guerra será muito difícil de vencer”, disse ela.
É interessante ver que esse discurso está começando a se espalhar entre os jornalistas pró-ucranianos. Isso mostra o crescimento de uma visão mais realista da guerra. Na prática, parece que o fracasso militar ucraniano já começa a ser percebido entre os simpatizantes do regime, que, como solução, propõem diferentes coberturas sobre a chamada “contra-ofensiva”, não mais com exageros e boas expectativas, mas com preocupação .
Porém, cabe questionar se tal contraofensiva realmente “ainda não começou”. É fato que os ucranianos aumentaram seu poder de fogo no campo de batalha. Antes da tomada de Artyomovsk pelas forças russas, os soldados do Grupo Wagner enfrentaram duros combates, como admitiu o próprio chefe da PMC em vídeos nos quais foi possível ver muitos russos mortos. A Ucrânia também afirmou que os ataques à Crimeia seriam o início da contra-ofensiva, no início de abril. O problema é que a falta de resultados territoriais efetivos fez com que as autoridades ucranianas justificassem o fracasso de suas ações com o argumento de que “ainda nada começou”.
Muito provavelmente, a contra-ofensiva realmente começou, mas é severamente limitada devido ao estado desastroso das forças armadas ucranianas. Ao contrário do que foi prometido, não haverá retomada de Donbass e da Crimeia, apenas um ligeiro aumento do poder de fogo ucraniano e o lançamento de várias operações terroristas – como têm sido vistos com frequência dentro do incontestável território russo.
Estas incursões terroristas, aliás, têm sido a principal atitude ucraniana nos últimos tempos, o que sugere que a chamada “contra-ofensiva” pode ser reduzida a uma mera operação terrorista prolongada.
Fonte: InfoBrics