Geopolítica da Guerra Civil Russa

15.06.2021

A Guerra civil russa surge logo após a Revolução de 1917, e o texto tratará dos seus aspectos geopolíticos, a mundialização da política na Europa, começando pelos processos internos da Rússia começava pelo simbolismo da queda de uma monarquia histórica, a czarista.

Algo temido desde o Congresso de Viena, depois das derrotas napoleônicas, começando pela mesma Rússia imperial, que desde 1917 tornou-se republicana e depois soviética, os laços materiais também se desenvolveriam de uma forma distinta, uma vez que o sistema econômico prometia ser mudado pela nova elite que chegava ao poder.

Dois lados muito bem definidos encontram-se na Guerra Civil, os vermelhos que são os bolcheviques, representados pelo marxismo e a ditadura do proletariado, a dos brancos, que são monarquistas e opositores da revolução, não tendo somente fiéis à dinastia Romanov, porém, que a fidelidade à família real é hegemônica dentre as suas fileiras.

Da visão geopolítica, podemos ver duas dimensões objetivamente contrárias, os vermelhos, queriam uma integração da Europa continental, entre a Rússia e a Alemanha, quando os brancos queriam uma integração europeia com a França e a Inglaterra, claramente uma posição hostil e favorável ao ethos político burguês.

Leon Trotsky, no comando da guerra civil e todo o partido bolchevique conviviam com uma ética ascética, o comunismo de guerra, a devoção ao ideal de classe permitia que a identidade coletiva do proletariado em luta predispusesse um desapego existência de si, para uma realização do ser numa escala muito mais ampla, a de toda a classe trabalhadora.

No quesito da estratégia da ocupação de espaços, a Rússia na condição de uma enorme massa continental e de um império continental com difícil acesso aos águas quentes e navegáveis, tornou-se mister para os bolcheviques dominar a grande massa continental russa, fazendo o transporte militar via ferrovias.

Os brancos, pelo apoio internacional que recebia de todo o status quo da política burguesa, instalavam-se em portos e dominavam as regiões marítimas, em especial em cidades mais próximas dos mares navegáveis, como portos de Sevastepol e do mar negro, onde recebia apoio logístico.

Para época, Harfold Mackinder foi nomeado Alto Comissário Britânico para o sul da Rússia, foi designado para apoiar o general branco Denikin, sua estratégia consistia em montar fortes barricadas e tropas no sul da Rússia, em especial nas regiões fronteiriças, interrompendo todo o transporte de automóveis e ferroviário do Exército vermelho, envolvendo também os países vizinhos nessa missão, eles a Polônia, Bulgária e a Romênia.

Mackinder discutiu seu plano para a frente sul no dia 29 de janeiro de 1920, o projeto mais ousado, a criação de um Estado independente ao sul da Rússia, como uma região tampão para um cordão sanitário, que impedisse o transporte logístico dos bolcheviques, porém, a situação das tropas já arrasadas fez com que o governo britânico desistisse de todo apoio ao exército branco.

Entre novembro de 1918 e março de 1920 foi decisivo para o exército vermelho em quesito na dissuasão dos exércitos estrangeiros aliados aos brancos, pois a partir de março de 1920, começa uma série de batalhas onde a maioria se darão somente entre os russos.

De março de 1920 a outubro de 1922, oficialmente só existem russos na guerra civil, e não representava mais uma ameaça a autoridade dos bolcheviques, a partir de outubro de 1922, a guerra se perpetua depois de todos os exércitos brancos oficiais terem perdidos e só sobrarem as Forças Armadas voluntárias do General-Tenente A.N. Pepelyaev, na cidade de Yakutsk até junho de 1923.

O desfecho da Guerra Civil foi a vitória final dos bolcheviques, o reconhecimento da independência da Polônia, Lituânia e da Letônia, Estônia e da Finlândia que faziam parte do Império Russo, o estabelecimento da Ucrânia, Bielorússia, territórios do Cáucaso dentro da União Soviética que foi criada em 30 de dezembro de 1922.