Dugin se encontra com patriotas brasileiros
Durante a transmissão, que contou com a presença do jornalista e consultor geopolítico Lucas Leiroz (Nova Resistência) e do Comandante Robinson Farinazzo (Canal Arte da Guerra), o professor Alexander Dugin versou sobre diversos assuntos relacionados à conjuntura e à arquitetura geopolítica do presente e do povir. Confira abaixo um resumo dos principais pontos.
Impérios e Civilizações ao invés de Estado Nacionais
Os trabalhos foram abertos com uma questão sobre a configuração do mundo multipolar na perspectiva multipolarista advogada por Dugin. O professor sinalizou que um mundo multipolar, sendo a antípoda de um mundo unipolar, não corresponde a um mundo bipolar. É necessário que a arquitetura global seja construída a partir de um equilíbrio de poderes entre diversas civilizações, que Dugin conceitua nos termos de Grandes Espaços e/ou Impérios. Para ilustrar seu ponto, Dugin utiliza a arquitetura internacional pré-colombiana como exemplo.
“O Estado-Nacional não é suficiente para garantir a soberania. Para isso é necessário unificação”, disse o filósofo político russo.
Armas Nucleares e Soberania
Em seguida, o Comandante Robinson Farinazzo interviu fazendo uma pergunta acerca da posse de arsenal nuclear como condição para a soberania. No espírito do multipolarismo, Dugin sinalizou que, embora armas nucleares sejam importantes elementos de dissuasão, não podem ser consideradas como condição suficiente na conquista da soberania. Lembrou que a União Soviética, mesmo em posse de armamento nuclear, perdeu sua soberania e desintegrou-se. De acordo com Dugin, além do poder dissuasório, são necessárias política soberana, ideologia soberana, economia soberana e assim por diante. A soberania é uma realidade politicamente complexo, que depende de diversos fatores, materiais e espirituais, convergindo em ato.
Nova Ideologia do Globalismo
Citando fala recente do secretário do Conselho de Defesa da Rússia, Nikolai Patrushev, Dugin sinaliza que a Rússia luta atualmente contra uma “nova ideologia”, que Patrushev conceituou como “liberal-fascismo”; de acordo com o filósofo russo, tal amálgama refere-se tanto à comunhão entre porta-vozes do liberalismo político (como Bernanrd Henri-Levy) e lideranças do batalhão neonazista Azov na Ucrânia, como a um recente artigo escrito por Francis Fukuyama, filósofo da globalização e do Fim da História, onde o mesmo defende um “nacionalismo liberal”. Para Dugin, trata-se de um desenvolvimento recente da hegemonia liberal em resposta às derrotas e questionamentos que vem sofrendo em todo o mundo.
Tradição, identidade, família, cultura, diversidade dos povos são seus alvos principais. Seu objetivo é a homogeneização mundial, a partir de valores pós-modernos e pós-humanistas. Aqui, Dugin recorre à distinção entre Pequeno e Grande Nacionalismo, sendo o primeiro frequentemente utilizado pelo globalismo como arma de fragmentação, dentro da perspectiva aceleracionista em prol do Governo Mundial. O mesmo ocorre com as manifestações marginais do comunismo e do fascismo. Neste sentido, Dugin assevera: “os globalistas são contra o Grande Nacionalismo”, como o nacionalismo brasileiro, russo, chinês, etc.
Deste modo, diante do fracasso das ideologias políticas modernas, Quarta Teoria Política “abre o espaço teórico” para a construção de algo novo, orientado aos aspectos sólidos e civilizacionais dos povos e Pátrias.
Bolsonaro
Ao ser perguntado sobre suas impressões sobre Bolsonaro, Dugin admitiu não conhecer suficientemente a realidade política brasileira para opinar com profundida, preferindo “ouvir vocês, brasileiros, ao invés de falar”. Porém, ressaltou como positivas as aproximações passadas de Bolsonaro e Trump (o qual Dugin avalia como um antiglobalista), bem como sua não adesão à agenda liberal dos costumes.
A live completa pode ser vista aqui: DUGIN 2º ENCONTRO: A CRISE DA UCRÂNIA E A NOVA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
Fonte: Nova Resistência