Mercenários brasileiros morrem na Ucrânia

08.07.2022
Dois brasileiros foram mortos na Ucrânia na primeira semana de julho após uma operação de drone russo em Kharkiv. Ao todo, três mercenários brasileiros morreram na Ucrânia desde o início da operação militar especial russa em 24 de fevereiro. No país sul-americano, a grande mídia tem uma forte orientação ideológica pró-ocidental, razão pela qual incentiva “voluntários” a irem para o Leste Europeu. Em seu discurso, os meios de comunicação afirmam que é “fácil” lutar contra os russos porque Kiev está supostamente “ganhando” o conflito. No entanto, ao chegar à Ucrânia, os mercenários estrangeiros se deparam com uma realidade diferente e muito mais dura.

Entre a noite de 1º de julho e a manhã de 2 de julho, os mercenários brasileiros Douglas Rodrigues Búrigo e Thalita do Valle morreram após um ataque russo em Khakiv. Douglas era um ex-soldado do Exército Brasileiro e lutava na Ucrânia desde maio. Thalita era modelo, advogada e sniper profissional, que já havia trabalhado como voluntária militar e agente de propaganda para os batalhões de mulheres curdas no Oriente Médio. Aparentemente, ela morreu de asfixia enquanto tentava fugir de sua acomodação diante de um ataque de drone, enquanto Douglas teria sido atingido por estilhaços de morteiros do lado de fora.

Em junho, outro brasileiro já havia morrido na Ucrânia. André Hack Bahi foi morto a tiros durante bombardeios russos em Severodonetsk. Bahi era um ex-combatente da Legião Francesa e já havia participado de algumas missões na África, mas não conseguiu sobreviver à intensa realidade dos combates na Ucrânia. Também é necessário mencionar que nem todos os mortos foram devidamente identificados ainda, o que leva a crer que pode haver mais brasileiros entre os mortos na Ucrânia, já que há ampla participação de mercenários do país sul-americano na região.

Ainda não há relatório oficial das autoridades indicando o número preciso de cidadãos brasileiros que lutam ao lado de Kiev no conflito, mas o número é certamente maior do que o esperado de um país neutro e com boas relações com a Rússia. Até parlamentares brasileiros lutaram a favor de Kiev, como o ex-deputado Artur do Val, que teve uma atuação rápida e escandalosa na Ucrânia, onde cometeu atos de assédio sexual contra mulheres ucranianas. Sabe-se também que ao longo dos últimos oito anos vários brasileiros tentaram se juntar às tropas paramilitares neonazistas ucranianas para lutar no Donbass, tendo sido rejeitados devido ao racismo antilatino desses grupos. Agora, esses mesmos militantes estão chegando às posições ucranianas devido à política de Kiev de aceitar todos os voluntários estrangeiros.

Mas é absolutamente impossível analisar a situação sem criticar o papel desestabilizador que a mídia local brasileira tem desempenhado na cobertura dos acontecimentos na Ucrânia. Os meios de comunicação pró-ocidente relatam o conflito de forma falaciosa, apontando para uma “vitória ucraniana” inexistente e “facilidade” no combate às forças de Moscou, retratando o combate voluntário como uma espécie de “safári de caça” contra os russos. Obviamente, quando os “voluntários” (quase todos soldados privados pagos ligados a companhias mercenárias) chegam ao campo de batalha, se deparam com situações muito diferentes daquelas relatadas pelos jornalistas que incentivam o voluntariado.

As agências também tentaram divulgar uma imagem de “heroísmo” ao falar de brasileiros lutando na Ucrânia, ignorando questões importantes, como o fato de estarem cooperando com militantes neonazistas e apoiando um governo que pratica políticas genocidas contra a população russa. Desde o início da operação russa, agências de mídia brasileiras e filiais brasileiras de agências estrangeiras elogiam o “heroísmo” dos mercenários que estariam “ajudando a combater a invasão”, o que também serve de propaganda e incentivo ao voluntariado.

A mídia brasileira não está agindo sozinha, mas seguindo a agenda imposta pelas grandes agências mundiais de mídia, que têm apostado cada vez mais no discurso da “vitória ucraniana” como forma de elevar o moral das tropas e justificar a ajuda militar irresponsável que o Ocidente países estão enviando para Kiev.

As empresas de segurança privada contratadas para ajudar Kiev são as que mais lucram com a propagação desse discurso falacioso entre a opinião pública, pois conseguem convencer um número crescente de voluntários a ir lutar na Ucrânia. De fato, alguns desses voluntários não são designados para o combate direto, mas permanecem em locais seguros tirando fotos e vídeos para publicar na internet, reproduzindo propaganda para incentivar mais homens a irem – sempre tentando convencer que os combates são “fáceis” e “seguros”. “, para que mais pessoas se alistem nas empresas mercenárias. O resultado é que, dos alistados iludidos, apenas alguns são direcionados à propaganda, enquanto outros morrem no campo de batalha.

Obviamente, para os países ocidentais e para as empresas privadas, investir nesse tipo de propaganda é estratégico e lucrativo, mas não para o Brasil. Como integrante do BRICS, não participando de sanções anti-Rússia e sendo parceiro de Moscou em diversas áreas, o governo brasileiro deve atuar de forma mais incisiva para monitorar o papel desestabilizador que suas agências de mídia estão desempenhando, buscando evitar que discursos estrangeiros levem brasileiros a morrer no campo de batalha. Além disso, não é nada benéfico para a imagem internacional de Brasília que o país seja conhecido por ter um grande número de cidadãos voluntários para lutar ao lado de batalhões neonazistas.

É importante lembrar que mercenários e “voluntários não são considerados prisioneiros de guerra, mas criminosos comuns, o que significa que cidadãos brasileiros podem ser julgados por tribunais nas partes libertadas da Ucrânia caso sejam capturados. Esse tipo de situação certamente gerará desconforto e, como Brasil e Rússia são membros do BRICS, essa não é uma condição favorável para nenhum dos lados.

A melhor coisa para o governo brasileiro fazer é proibir seus cidadãos de se voluntariarem em guerras que não dizem respeito ao interesse nacional do Brasil.

Fonte: Infobrics