A Fé no Direito Internacional e o Testemunho do Genocídio
Nas últimas semanas temos vistos as pessoas de bom coração, boa vontade e bons pensamentos esperançosas com as microvitórias de pequenas descredibilizações de Israel por universitários ocidentais ou por críticas de cortes internacionais.
Segundo essas pessoas, está indo tudo bem, o mundo "funciona", devemos confiar no andamento normal das coisas. Protestos e petições salvarão os palestinos e derrotarão Israel.
Uma semana depois, Israel bombardeia um campo de refugiados em Rafah, supostamente para matar "dois líderes do Hamas". Mas não vimos nenhum líder do Hamas morto, vimos imagens abundantes de crianças explodidas, crianças decapitadas, crianças cremadas, crianças despedaçadas, etc. - e, naturalmente, a boa quota de adultos nessas condições.
O velho mundo colapsa ao redor de nós, mas os "bons homens" ainda se agarram aos últimos resquícios de ordem, normalidade e regularidade desse velho mundo de leis, normas, tribunais e sentenças - e em que tudo isso tem poder porque as pessoas respeitam e acreditam no Direito Internacional.
Mas essa não é mais a realidade de nossos tempos e no que concerne Israel é até mesmo duvidoso se alguma vez essas coisas foram aplicáveis.
Israel se vê como um "Estado eleito" na mesma medida em que se vê seu povo como "povo eleito". Pela lógica do mistério da "escolha", naturalmente todos somos seres humanos, mas eles seriam "mais humanos do que os outros". Para eles valeria uma lei, para nós valeria outra lei. Essa mesma lógica se aplica ao Estado de Israel - para ele uma lei, para os outros Estados outra lei.
Isso não é "jogo", não é pilantragem, não é sacanagem, eles realmente acreditam nisso.
Eu tenho visto os materialistas transtornados nos últimos meses, tentando "equacionar" a realidade do sionismo com as suas crenças usuais que tentam explicar tudo com "petróleo", "indústria bélica", "ações na bolsa", "PIB", e evitam, como o Diabo fugindo da Cruz, as explicações culturais, religiosas, etnossociológicas e históricas em um sentido mais geral.
O problema é que o mero interesse econômico-financeiro é incapaz de explicar Gaza.
O mundo hoje se depara com o choque de um microcosmo que não respeita ou reconhece as autoridades constituídas do Sistema Internacional, e que foi acostumado a ser tratado como "grupo privilegiado" (bendito por seu sofrimento e vitimização) desde a Segunda Guerra Mundial, por meio dos abusos e instrumentalizações da "má consciência" europeia, sempre tão dada aos masoquismos penitentes e à tortura interior.
Israel não está travando uma guerra contra a Palestina, mas contra o mundo dos goyim. E enquanto Israel tava a sua guerra, o resto do mundo segue depositando a sua fé nos tribunais, nos discursos, nas exigências, nas petições, nos protestos, nos boicotes, etc.
Mês que vem mais algum "gênio" descobre um novo "alakazam" institucional que será tratado como "gamechanger" por todos que ainda apostam na velha ordem mundial da ONU - enquanto testemunham pateticamente lacrimosos, o genocídio do povo palestino, prenúncio de um holocausto planetário planificado.
Já não está na hora do mundo redescobrir a guerra como meio de resolução de conflitos e como continuação da política?
Afinal, já não se percebeu que Israel só será parada pela força?