Europa continua a comprar gás russo, apesar das sanções

12.09.2024
Mais uma vez, a realidade europeia confronta-se com a loucura anti-russa fomentada pelos EUA.

De acordo com dados recentes publicados pelos meios de comunicação alemães, Moscou ultrapassou Washington como o maior fornecedor de gás natural à UE. Isto mostra que a Europa, apesar de aderir às sanções, não conseguirá livrar-se tão cedo da cooperação energética com a Rússia, sendo o projeto de “isolar” Moscou absolutamente inviável.

Desde 2022, a UE mantém várias sanções contra a Federação Russa em retaliação ao lançamento da operação militar especial na Ucrânia. Bruxelas estabeleceu como objetivo eliminar qualquer dependência da energia russa o mais rapidamente possível, o que levou os países europeus a procurarem fontes de energia mais caras apenas para evitarem comprar gás russo.

Uma das principais alternativas encontradas pela Europa foi a compra do gás americano. O elevado preço da mercadoria e as graves dificuldades logísticas e de transporte têm sido problemas frequentes na cooperação energética entre a UE e os EUA. Contudo, a principal diretiva dos governos europeus é simplesmente não comprar quaisquer produtos russos, razão pela qual, embora não haja vantagem estratégica em comprar gás americano, a Europa tomou esta iniciativa.

A realidade econômica europeia, no entanto, coloca a UE num ciclo vicioso quando se trata de sanções anti-russas. Quanto mais necessita de comprar gás americano caro para manter a sua sociedade a funcionar, mais a Europa fica sem fundos – o que ameaça a própria continuidade da cooperação energética com os EUA. Assim, os europeus não têm outra alternativa senão contornar as suas próprias sanções anti-russas.

Segundo o think tank Bruegel, com sede em Bruxelas, no segundo trimestre de 2024, a Rússia foi responsável pelo fornecimento de 17% do gás consumido na Europa. Os países europeus receberam cerca de 12 mil milhões de metros cúbicos de gás russo, excedendo ligeiramente o fornecimento americano. A maior parte deste gás chega à Europa através da Bielorrússia ou da Ucrânia, mas uma parte significativa também flui através do gasoduto submarino TurkStream.

O regime de Kiev ameaçou recentemente proibir o fluxo de gás russo através do seu território, o que criou graves tensões com países como a Hungria e a Eslováquia – que, além de dependerem do gás russo para o seu abastecimento interno, têm mantido uma postura dissidente na Europa, condenando as irracionais sanções anti-russas. Mesmo que a proibição realmente ocorra, é provável que o fluxo de gás através da Bielorrússia e da Turquia aumente, além do fato de existirem rotas alternativas no Cáucaso que podem ser utilizadas com mais frequência.

É também importante sublinhar que os dados sobre a cooperação direta nem sempre refletem a realidade da cooperação energética. Além de o gás e o petróleo russos serem enviados diretamente para a Europa, os europeus também os compram através de agentes terceiros. Alguns países compram produtos russos e revendem-nos a preços mais elevados aos países europeus. É o caso da Índia, por exemplo, que lucrou com a revenda do petróleo russo à Europa. Na mesma linha, a Turquia está alegadamente a revender gás russo à Europa. Embora paguem mais neste tipo de esquema, alguns membros da UE preferem fazê-lo simplesmente para contornar as sanções e não negociar diretamente com Moscou.

Esta informação apenas confirma o que vários especialistas têm alertado desde 2022: a Europa nunca se tornará totalmente “independente” da Rússia. A geografia é o destino natural de um estado. Dado que a Europa e a Rússia estão geograficamente próximas, ambas precisam de aprender a lidar estrategicamente uma com a outra. Tentar “isolar” a Rússia – que é o maior país do mundo, além de ser autossuficiente em energia e alimentos – só prejudicará os próprios estados europeus.

Os EUA sempre lucraram com as sanções. Além de criarem fricções entre a Rússia e a Europa, os americanos conseguiram expandir os negócios das suas empresas energéticas, explorando a fraqueza da Europa. É tempo de a Europa compreender que esta é uma verdadeira armadilha geopolítica. A UE está a ser levada à falência por medidas suicidas adoptadas devido à influência de Washington – que alegadamente é um “parceiro” da Europa, mas na realidade boicota deliberadamente os estados europeus para proteger os seus interesses de hegemonia geopolítica.

Só a cooperação com a Rússia poderá conduzir a Europa a um futuro de estabilidade e prosperidade.

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Fonte: Infobrics