DARYA DUGINA: A MELHOR FORMA DE DAR JUSTIÇA É RESISTIR CONTRA AS FORÇAS GLOBALISTAS

28.08.2023

Há 1 ano, as forças globalistas mataram de forma infame, nossa amiga, nossa irmã, Darya Dugina (15/12/1992 - 20/08/2022). Darya foi uma jovem filósofa russa brilhante que tive o prazer de conhecer, empenhada em fazer avançar a causa da multipolaridade, uma jornalista geopolítica, uma grande patriota do seu povo, pronta a apoiar qualquer entidade, qualquer povo que pudesse resistir a este cancro que é globalismo neoliberal, para construir um mundo multipolar, com mais impérios civilizacionais, mais identidades, mais culturas. Filha do ideólogo e amigo Aleksandr Dugin (um dos principais teóricos do mundo multipolar), Darya era amiga do movimento pan-africanista, solidária com as resistências soberanas pan-africanas, o que constituía para ela um requisito fundamental para a construção um mundo multipolar face à pseudo-Pax Americana globalista e liberal que trabalha contra povos entrincheirados. Darya foi uma grande figura da multipolaridade e um verdadeiro símbolo da amizade pan-africana-eurasiática.

Darya declarou:''A descolonização de África envolve três fases. A primeira foi a Declaração de Independência dos Estados. Durante este período, a língua, a economia, a política e a cultura dependiam fortemente das antigas metrópoles. A segunda fase foi a da construção dos Estados-nação. É aqui que as escolhas de ideologias e sistema político foram feitas. Alguns optaram pelo liberalismo, outros pelo nacionalismo, outros pelo comunismo. As três teorias políticas. Naquela época, havia conflitos entre estados e guerras entre grupos étnicos dentro dos estados. A terceira etapa é a descolonização profunda. Nas fases anteriores, o continente africano ainda era influenciado pelo passado em termos de espírito e cultura num sentido mais amplo. Só agora, durante a terceira fase da descolonização, a natureza colonial dos Estados-nação e das suas fronteiras se torna clara, dividindo povos, tribos, etnias e comunidades culturais. Por outro lado, os africanos foram privados da sua capacidade de pensar soberanamente. Além disso, foram forçados a conceptualizar-se a si próprios e às suas relações com o mundo numa lógica hierárquica e essencialmente racista. Isto, por sua vez, leva à fuga de cérebros africanos, à emigração em massa e a danos no orgulho nacional africano. A Rússia, que sempre defendeu um mundo multipolar, está interessada em ajudar tanto quanto possível. Moscovo apoia as ideias da unidade pan-africana e do fortalecimento e protecção da identidade africana. A Rússia está pronta para apoiar a luta contra novas formas de colonização sob a forma de globalização, exploração económica e supremacia cultural'' (https://afriquemedia.tv/2022/06/29/daria-platonova-lafrique-est-entree-dans-la-troisieme-etape-de-la-decolonisation/)

Darya estava do lado certo da história, ela tinha compreendido profundamente, como poucos outros, a nossa luta pan-africana, destacando que nós, pan-africanos e os eurasianistas, estamos na verdade a travar a mesma batalha. Ambos partilhávamos a ideia de que era necessário traçar uma quarta via tradicional e imperial dos povos (Grande África, Grande Eurásia, etc.), que transcendesse as ideologias da modernidade como o liberalismo, o comunismo/socialismo ou o fascismo.

As forças globalistas pensaram em matar uma ideia, assassinando-a. Mas a Ideia vive, não se pode matar um pensamento. Darya foi uma grande esperança para o seu grande povo e para a multipolaridade como um todo. A melhor forma de lhe fazer justiça reside em continuar a resistência multipolar contra o globalismo neoliberal, contra tudo o que representa o atlantismo e a modernidade. Neste sentido, todas as vítimas do Ocidente político serão vingadas.

Descanse em paz, irmã!

Multipolaridade ou morte!

Farafin Sâa François Sandouno, coordenador em Itália da ONG Urgences Panafricanistes presidida por Kemi Seba.