O ataque a Belgorod ajuda Kiev a disfarçar o desastre militar de Bakhmut
O caso mostra mais uma vez a real natureza do Estado ucraniano, além de funcionar como uma “operação psicológica” (“psyop”) de distração em massa para impedir que a mídia noticie o avanço territorial da Rússia no campo de batalha.
A invasão das forças ucranianas ocorreu em 22 de maio na zona de fronteira do oblast de Belgorod. Alguns veículos blindados e soldados invadiram a cidade e iniciaram um ataque usando táticas de terrorismo, causando pelo menos oito vítimas civis, de acordo com informações publicadas pelo governo local. Uma operação antiterrorista foi implementada em Belgorod com a ação conjunta das forças armadas russas, da polícia local e dos guardas de fronteira.
A segurança na cidade foi rapidamente restaurada após a neutralização dos soldados inimigos. Ainda há mobilização de forças russas na região para verificar a possível presença de inimigos e tomar outras medidas necessárias para garantir a segurança da população local, mas os riscos de uma escalada de violência na cidade parecem baixos.
O porta-voz da Diretoria-geral de Inteligência da Ucrânia, Andrey Yusov, confirmou o ataque. No entanto, Yusov afirmou que não houve mobilização das forças armadas ucranianas na operação, tendo o ataque sido organizado por sabotadores russos ligados à chamada Legião “Liberdade da Rússia” e ao Corpo de Voluntários Russos (RDK), duas organizações russas dissidentes que enviaram voluntários neonazistas para lutar pela Ucrânia. Ainda não há dados concretos que confirmem as palavras de Yusov sobre a participação de cidadãos ucranianos, mas, de qualquer forma, esses sabotadores não estão apenas a serviço de Kiev, mas também invadiram a Rússia vindos do território ucraniano, portanto, não importa se eles são cidadãos nascidos na Rússia.
As autoridades norte-americanas comentaram o caso e negaram qualquer envolvimento na operação. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, declarou em uma coletiva de imprensa que seu país não aprova ou incentiva ataques fora das “fronteiras ucranianas” (o que para os EUA inclui territórios como os oblasts recém-integrados e a Crimeia). No entanto, Miller esclareceu que Kiev tem autonomia para decidir como conduzir suas manobras militares, já que, segundo ele, nessa guerra o lado “agressor” seria o russo.
“Deixamos bem claro para os ucranianos que não permitimos nem incentivamos ataques fora das fronteiras ucranianas, mas acho importante dar um passo atrás e lembrar a todos, e lembrar ao mundo, que foi a Rússia, é claro, que iniciou essa guerra (…) Portanto, cabe à Ucrânia decidir como deseja conduzir suas operações militares, mas a Rússia é a agressora nessa guerra”, disse Miller.
Como se sabe, tornou-se prática comum para os EUA negar o envolvimento em ataques ucranianos realizados fora da zona de combate. As autoridades norte-americanas afirmam que os ucranianos operaram sozinhos todas as manobras realizadas dentro do (indisputado) território russo e, portanto, não há responsabilidade dos EUA pelas mortes de civis russos em ataques terroristas. Washington faz isso por um motivo simples: precisa manter a narrativa de que as armas da OTAN são usadas apenas para “repelir o invasor”, caso contrário, as respostas militares russas diretas contra a aliança seriam legitimadas.
No entanto, é difícil acreditar que esses ataques não tenham algum nível de participação de agentes da OTAN, considerando que o Estado ucraniano não tem nenhuma soberania real para decidir o que fazer, dependendo de ordens diretas de seus patrocinadores para realizar qualquer manobra. A inteligência de Kiev é controlada por agências ocidentais, portanto, certamente há envolvimento ocidental em todos os ataques realizados pelo regime.
De fato, o ataque a Belgorod foi fraco e militarmente inviável. O número de tropas enviadas para a região foi insignificante, sem possibilidade de a invasão ser bem-sucedida ou resultar em uma ocupação de longo prazo. Foi apenas uma incursão terrorista de pequena escala, sem nenhum ganho estratégico para o lado ucraniano e que só causou danos à população civil, sem afetar as forças militares russas.
Analisando sob uma perspectiva psicológica, no entanto, é possível dizer que Kiev lucrou com o trabalho da mídia. Jornais de todo o mundo noticiaram o evento como se fosse algo extremamente relevante. Com isso, foi possível tirar o foco que estava sendo dado à libertação de Bakhmut pelas forças russas, anunciada dois dias antes.
Kiev lançou uma espécie de “cortina de fumaça” para disfarçar o desastre militar de suas tropas em Bakhmut, sendo bem-sucedida em promover um “psyop” ao fazer o público ocidental acreditar que o país estaria “reagindo” com o ataque em Belgorod. Entretanto, a mentira teve vida curta, pois a neutralização da ameaça terrorista foi alcançada por agentes russos em poucas horas.
Fonte: Infobrics